O Brasil vive um morticínio silencioso.

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No Brasil, em pleno século XXI, a cada 3h38min, uma pessoa morre vitimada por acidente de trabalho; a cada 48 segundos alguém se machuca no ambiente de trabalho.  Em seis anos, de 2012 até 2017, o Brasil teve aproximadamente 15 mil vítimas de acidentes de trabalho fatais e quase 4 milhões de pessoas que sofreram acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho. Esses assustadores  números são do Ministério Público do Trabalho (MPT) e foram consolidados pelo site Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho.

 

De acordo com os dados do Observatório, a maior parte dos acidentes  foram causados por máquinas e equipamentos (15%), atividade em que as amputações são 15 vezes mais frequentes e que gera três vezes mais vítimas fatais que a média geral. Os profissionais que atuam no atendimento hospitalar são os que mais sofrem acidentes (10% dos casos), em especial aqueles que trabalham na enfermagem e na limpeza.

 

As principais ocupações atingidas são: alimentadores de linha de produção, técnico de Enfermagem, faxineiro/servente de obras e motoristas de caminhão.

 

No ranking geral, os estados de São Paulo (37%), e de Minas Gerais (10%) lideram as Comunicações de Acidentes de Trabalho (CATs), e os gastos com afastamentos previdenciários são maiores em São Paulo (23,34%), e em Santa Catarina (10,11%). Tanto funcionários como empresas podem notificar casos de acidente do trabalho. No caso dos empregadores, a tarefa é obrigatória, já que isso reflete em custos para a Previdência.

 

PARANÁ

 

O estado do Paraná aparece em quinto lugar no ranking nacional do MPT, ficando atrás apenas do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Os números são assustadores: 231.586 registros foram verificados nos últimos cinco anos. O maior número de acidentes e mortes no trabalho acontece em Curitiba e região metropolitana, e nas cidades de Ponta Grossa, Londrina, Maringá, Guarapuava, Cascavel e Foz do Iguaçu. Mas praticamente nenhuma cidade paranaense escapa dessa triste estatística.

 

Infelizmente a reforma trabalhista do governo Michel Temer (PMDB), aprovada pelo Congresso Nacional com a chancela dos maus empresários, nada fez para reduzir os acidentes e mortes no trabalho. Muito pelo contrário, ela (reforma trabalhista) estimula a precarização do emprego. Além disso, não foram dinamizadas estruturas de fiscalização nem de punição às empresas que subvertem o valor de uma vida humana pela ganância do lucro. 

 

O Brasil vive um morticínio silencioso, onde as vitimas não são políticos ou magistrados, nem jogadores de futebol, muito menos de astros e atrizes televisivas; são mortos anônimos de velórios silenciosos, que a mídia esquece de retratar.

 

Gasto previdenciário de R$ 26 bilhões

 

Os acidentes de trabalho geraram um gasto maior que R$ 26 bilhões com despesas previdenciárias com benefícios, como o auxílio doença, aposentadoria por invalidez, pensão por morte e auxílio-acidente e sequelas. Além disso, representam 315 milhões de dias de trabalho perdidos.

 

Segundo estimativas globais da Organização Internacional do Trabalho (OIT), acidentes e doenças de trabalho implicam perda anual de cerca de 4% do Produto Interno Bruto, o que, no caso do Brasil, equivaleria, em números de 2017, a R$ 264 bilhões. 

 

Os dados do Observatório são dados da Previdência Social, obtidos mediante acordo de compartilhamento firmado em 2014 com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o Ministério da Previdência Social (atualmente Ministério da Fazenda), que participa ativa e construtivamente da validação das informações.

 

Diante desta triste realidade, conclamamos a toda a sociedade a apoiar e divulgar o “Movimento Abril Verde”, uma iniciativa do Sindicato dos Técnicos de Segurança do Estado do Paraná, com apoio da União Geral dos Trabalhadores (UGT), que tem como intuito trazer à sociedade a questão da segurança e saúde do trabalhador brasileiro. 

 

A mobilização se faz necessária para tratar do tema das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho com o objetivo maior de reduzir os acidentes de trabalho e os agravos à saúde do trabalhador, e mobilizar o envolvimento da sociedade, dos órgãos de governos, empresas, entidades de classe, associações, federações, sociedade civil organizada para prevenir e alertar sobre os problemas que ocorrem no mundo do trabalho e em decorrência do mesmo.

 

Essa iniciativa quer trazer saúde e a prevenção para dentro do local onde passamos grande parte do nosso dia, da nossa vida e produzimos a riqueza do nosso país.

  

Adir de Souza/Paulo Rossi*  

Foto: * Adir de Souza (E), presidente do Sintespar – Sindicato dos Técnicos de Segurança do Paraná e coordenador do Movimento Abril Verde; e Paulo Rossi, presidente da UGT-PARANÁ e Vice-Presidente da Fenascon.

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