Antes de xingar delegado, homem foi denunciado por chamar gari de neguinho

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Caso ocorreu com um funcionário do SLU, em novembro de 2019. Termo foi utilizado em discussão causada por barulho do caminhão de lixo

 

Omorador do Lago Sul de 35 anos que xingou o delegado da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) de “macaco” na última sexta-feira (7/8) já foi alvo de inquérito, em novembro de 2019, por chamar um gari de “neguinho” durante uma discussão. O processo contra Pedro Henrique Martins Mendes só não foi adiante pois os envolvidos assinaram um termo de renúncia.

 

 

Conforme consta no boletim de ocorrência registrado à época, a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) foi chamada pelo gari que alegou ser chamado de “macaco” e “neguinho” por Pedro. O acusado, por sua vez, afirmou ter sido chamado de “branquelo” pelo trabalhador, em resposta.

 

A discussão aconteceu pois Pedro teria se irritado com o barulho que o caminhão de lixo fazia enquanto passava pelo local.

 

 

Acusado pediu desculpas

Após a repercussão do caso, Pedro Henrique Martins Mendes divulgou uma nota, por meio de sua defesa, na qual pede desculpas pelo caso do delegado da PCDF. Ele foi preso em flagrante, mas solto após pagar fiança.

 

 

No texto endereçado “ao senhor Ricardo, à sua filha, aos familiares e a todos os seres humanos”, o homem pede perdão. “O injustificável ato não é reflexo da educação, do amor e do respeito que recebi e que carrego como preceitos básicos”, diz. “Solidarizo-me com a dor causada a todos e, mais uma vez, peço desculpas!”, completa, em outro trecho.

 

O texto, encaminhado pelo advogado Danilo Bomfim, termina assinado não apenas por Pedro Henrique, mas também pela família dele.

 

Restrições

No final de semana, Pedro Henrique pagou fiança no valor de R$ 3.117, o equivalente a três salários mínimos, e poderá responder em liberdade desde que cumpra todos os requisitos da Justiça. Ele deve comparecer a todos os atos do processo, não se ausentar do DF por mais de 30 dias – a não ser que seja autorizado – e não mudar de endereço sem comunicação prévia às autoridades.

 

 

Pedro também está proibido de sair de casa entre as 20h e as 6h em dias úteis. Aos sábados, domingos e feriados, deve cumprir recolhimento domiciliar em regime integral, sendo, inclusive, monitorado eletronicamente.

 

A princípio, o homem usará tornozeleira eletrônica pelo período de 90 dias. Depois disso, deve comparecer à unidade responsável pela retirada do equipamento, caso a Justiça não determine que o prazo de monitoramento seja postergado.

 

A concessão de liberdade provisória foi proferida a todos os presos cujas liberdades estejam condicionadas ao pagamento de fiança, durante o estado de calamidade pública causado pela pandemia de Covid-19, com a imposição de medidas cautelares diversas da prisão, inclusive monitoramento eletrônico para aferição do cumprimento da cautelar de recolhimento domiciliar.

 

Relembre o caso

A ofensa ao delegado da PCDF aconteceu na noite de sexta-feira (7/8), no Mc Donald’s da QI 23 do Lago Sul. Ricardo Viana estava com a filha de 15 anos dentro da lanchonete quando Pedro Henrique passou a insultá-lo gratuitamente, segundo o policial.

 

Pedro Henrique foi preso na sexta-feira e solto no domingo (9/8)

 

Delegado Ricardo VianaVinícius Santa Rosa/Metrópoles

 

O delegado conta que deu voz de prisão ao agressor e que ele ainda tentou fugir, mas foi preso pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), que deu apoio à ação. “Falou que iria me pegar, me chamou de macaco e viado. Arremessou um pé de sua chinela em minha direção”, narra o delegado.

 

No carro do homem, foram encontradas porções de maconha. O criminoso foi detido em flagrante e a ocorrência foi registrada na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul).

 

“Até o momento, não entendi por que tanto ódio em uma só pessoa, o pior é saber que este tem histórico de violência e já praticou fatos semelhantes com outros negros”, disse Viana, no dia das agressões.

 

Em vídeo, divulgado no dia seguinte ao ataque, o policial afirmou estar muito consternado e não poderia se calar neste momento. “Eu declaro a vocês que nós vivemos um racimo estrutural. O racismo está entranhado em todas as classes sociais e, eu, convivo com isso desde que eu sou menino. Todas as vezes que a gente vai galgando algum espaço na nossa sociedade, essa ferida é tocada”, destacou.

 

MATHEUS GARZON

10/08/2020 19:22,ATUALIZADO 10/08/2020 20:08

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