Antes mesmo da pandemia da Covid-19, já havia uma nova configuração do mundo do trabalho com a utilização do home office (ou teletrabalho). A pandemia e a necessidade do isolamento social para conter o coronavírus influenciaram o aumento dessa modalidade de trabalho. O Brasil registrou cerca de 8,7 milhões de trabalhadores nessas condições em maio, 13,3% do total, de acordo com a PNAD Covid-19 do IBGE.
Os Metalúrgicos do ABC, preocupados com as condições dos trabalhadores, querem aprofundar a discussão com as empresas da base para que não haja prejuízo a quem está trabalhando em casa, com garantia dos direitos existentes.
O vice-presidente do Sindicato, Claudionor Vieira, destacou a necessidade da regulamentação da modalidade. “O número de pessoas em home office é enorme e na pandemia não houve tempo de aprofundar essa discussão. Como vai ficar a vida dos trabalhadores, quais são as condições de trabalho, que tipo de proteção, quais contrapartidas e quem paga a conta? Tem as questões de ergonomia, equipamentos, internet, energia, aluguel. As empresas reduzem os custos, mas os trabalhadores não podem pagar essa conta”, defendeu.
“Outra questão é a jornada de trabalho, as empresas não podem confundir a vida dos trabalhadores como se fosse integralmente para o trabalho. Quem tem filho pequeno vai conseguir trabalhar e cuidar ao mesmo tempo? As empresas precisam ter responsabilidade social, discutir compensação em relação à creche quando a pandemia passar, por exemplo”, disse.
“Os trabalhadores produzem a riqueza das empresas no dia a dia e precisam ter as condições necessárias de trabalho sem prejuízo à saúde, ao salário e aos direitos. Também é preciso garantir segurança jurídica para todas as partes com a construção de condições mais favoráveis possíveis, ergonômica, econômica e social”, afirmou.
Campanha Salarial
Além da urgência da estabilidade no emprego nas discussões de Campanha Salarial, a FEM/CUT (Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT), que representa 14 sindicatos, reforçou a necessidade da regulamentação do home office.
O presidente da FEM/CUT, Luiz Carlos da Silva Dias, o Luizão, contou que a demanda foi apresentada nas negociações com todas as bancadas patronais.
“Temos recebido muitos relatos de trabalhadores neste regime que estão trabalhando mais do que dentro da empresa. Muitos iniciam a jornada mais cedo, estendem até mais tarde, são obrigados a participar de reuniões aos fins de semana e recebem mensagens fora do expediente sem o pagamento de hora extra”, explicou.
“Também recebemos relatos de perda de vale transporte e ticket alimentação. É absurdo, ninguém deixou de almoçar porque está em casa. Muitos não têm espaço adequado, internet, nem móveis ergonômicos para ficar oito horas por dia na frente do computador sem prejudicar o corpo. O home office virou realidade no Brasil com a pandemia e a tendência é que permaneça por muito tempo, inclusive tem empresas já entregando prédios onde as áreas administrativas atuavam. A regulamentação é fundamental para garantir direitos e evitar abusos”, destacou.
Home office no Brasil
8,7 milhões de trabalhadores (maio)
13,3% do total de pessoas ocupadas
46,4% homens e 53,6% mulheres
63,7% brancos e 34,3% pardos ou pretos
72,8% têm nível superior completo ou acima
24,5% ensino médio completo ao superior incompleto
1,9% ensino fundamental completo ao médio incompleto
0,8% sem instrução ao fundamental incompleto
Fonte: Nota Técnica do IPEA “Teletrabalho na pandemia: efetivo versus potencial”, com base na PNAD Covid-19 do IBGE.
Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos do ABC – 27/08/2020
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