Segundo trabalhadores, demora nos pagamentos coloca famílias em situação crítica, muitas correm risco de ser despejadas em plena pandemia
Catadores de material reciclável, que participam do sistema de coleta seletiva no Distrito Federal, denunciam atraso e falta de pagamento do Benefício Calamidade de R$ 408 prometido pelo Executivo local durante a pandemia do novo coronavírus. Os trabalhadores afirmam que os problemas se arrastam ao longo dos últimos três meses.
Segundo a Secretária de Desenvolvimento Social do DF, responsável pelo auxílio, a retomada dos pagamentos para os catadores será feita na próxima terça-feira (8/9).
O DF tem, aproximadamente, 1.500 profissionais atuando no setor, distribuídos em 40 cooperativas de reciclagem. Eles contam com o benefício emergencial para pagar as despesas de casa, uma vez que a coleta seletiva pelas cooperativas foi suspensa no início da pandemia. A maioria voltou às atividades. O processo é gradual justamente para a implantação das medidas de proteção contra a disseminação da Covid-19.
Segundo a presidente da Central das Cooperativas (Centcoop), Aline Sousa da Silva, ao menos 254 catadores não receberam ao menos uma das parcelas do auxílio. A associação tem mil cooperados e representa 25 cooperativas.
“O nosso sentimento é de muita indignação. Tem família sendo despejada. Muitos não conseguem pagar contas de luz e de água. A maioria das cooperativas com contrato está com dividas previdenciárias e trabalhistas”, detalhou.
Risco
Para Aline, os pagamentos precisam ser regularizados e as parcelas pendentes, quitadas. De acordo com a presidente da Centccop, o GDF trabalha para o retorno do trabalho nas cooperativas, mas o auxílio continuará sendo necessário.
“As cooperativas voltam com quantitativo menor de catadores, trabalhando em dias alternados. A renda será menor. A situação não será normalizada. Se cortar o auxílio, corremos ainda mais riscos”, alertou.
Requerimento
Diante do drama dos catadores, a deputada distrital Arlete Sampaio (PT) protocolou requerimento na Secretaria de Desenvolvimento Social do DF, cobrando a regularização dos pagamentos.
“A grave crise sanitária e social que estamos vivendo agravou, drasticamente, a sobrevivência dos indivíduos e das famílias em situação de vulnerabilidade social, incluindo os catadores”, justificou Arlete.
Outro lado
De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Social, foram repassados nessa quarta-feira (2/9) R$ 471.648,00 para o Banco de Brasília (BRB) operacionalizar o pagamento a partir da próxima terça-feira (8/9).
Segundo a pasta, 36 famílias vão receber a primeira parcela. Outras 241 receberão a segunda. A terceira parcela será paga para 879 beneficiários.
Conforme as estatísticas da secretaria, 18 famílias já receberam três parcelas do auxílio emergencial. Por outro lado, 285 famílias apresentaram alguma inconsistência no pedido, como, por exemplo, problemas na documentação.
“A Sedes é a gestora do programa, mas o cadastro dos beneficiários do auxílio foi feito pela Secretaria de Relações Institucionais, em parceria com o Serviço de Limpeza Urbana (SLU), Secretaria de Meio Ambiente (Sema) e Secretaria de Relações Institucionais, da Casa Civil, que formam o Comitê Gestor Intersetorial para a Inclusão Social e Econômica de Catadores de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis do DF (CIISC/DF)”, concluiu a pasta, em nota enviada ao Metrópoles.
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