Sem previsão de vacina, catadores do DF denunciam exposição ao lixo hospitalar

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Cerca de 5 mil trabalhadores atuam nos centros de triagem, segundo sindicato que representa cooperativas. Governo incluiu apenas funcionários do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) na campanha de vacinação contra Covid-19.

 

Em meio à pandemia da Covid-19, catadores de recicláveis do Distrito Federal estão expostos a lixo hospitalar – o que vai contra o protocolo de medidas sanitárias. Eles compartilharam com o G1 imagens de luvas usadas, junto a materiais de testes de Covid-19, entre os resíduos no centro de triagem do SIA, que só deveriam receber coleta seletiva (veja vídeo abaixo).

 

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Enquanto lidam com lixo contaminado, os catadores não têm previsão de quando serão vacinados. Na segunda-feira (21), o GDF anunciou que vai iniciar a vacinação dos garis do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), mas os catadores e trabalhadores dos galpões de reciclagem ficaram de fora (saiba mais abaixo).

 

A imagem dos resíduos hospitalares no galpão é de maio passado. Mas a presidente da Central de Cooperativas de Materiais Recicláveis do Distrito Federal (Centcoop), Aline Souza, conta que a chegada de lixo hospitalar ocorreu outras vezes.

 

“Chegam resíduos com máscara, home care [assistência médica domiciliar], chegam também até resíduo de clínica particular”, diz Aline.

 

 

Segundo Aline, a Centcoop informa os casos ao SLU – responsável pela coleta e tratamento de lixo em Brasília. “A gente denuncia para o SLU tomar as medidas e pede que o catador, imediatamente, se afaste do material”, conta.

 

Questionada pelo G1, a Secretaria de Proteção Urbanística do DF (DF Legal) disse que “realiza fiscalizações, rotineiras, em instituições de saúde, verificando a coleta e a destinação final dos materiais descartados. Quando acionada por meio de denúncia, envia a esses locais equipes que aplicam as devidas multas nos infratores, que podem ir de R$ 216 a R$ 22 mil” (veja íntegra abaixo).

 

Sem vacina

Na segunda-feira (21), o chefe da Casa Civil, Gustavo Rocha, afirmou em entrevista coletiva que os garis serão vacinados contra o novo coronavírus a partir desta semana. Além deles, foram priorizados os vigilantes e bancários.

 

Entidades representativas dos catadores pedem o auxílio do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) para cobrar do GDF a inclusão dos recicladores na vacinação. Antes do anúncio da vacina para os garis, a Defensoria Pública na União (DOU) já havia recomendado, em ofício, a inclusão dos trabalhadores da limpeza urbana na campanha, incluindo os catadores.

Ao ser questionado sobre o caso em coletiva, Gustavo Rocha reafirmou que “neste primeiro momento, só os garis, que trabalham no SLU ” [serão vacinados], sem previsão para os demais trabalhadores do setor.

Segundo a presidente da Centcoop, os catadores receberam a notícia com críticas. “Estão todos indignados. São pessoas que têm contato com o vírus, inclusive, não só da Covid-19”, disse Aline Souza.

 

Descarte de lixo hospitalar

Segundo informações do SLU, o GDF “contrata e gerencia a coleta, bem como o tratamento dos Resíduos dos Serviços de Saúde (RSS) da rede pública, com empresa contratada por licitação”.

 

Já os estabelecimentos privados, de acordo com a empresa pública, “devem contratar serviços de prestação de coleta, transporte, tratamento e disposição final de seus resíduos de serviços de saúde”.

 

No lixo domiciliar, especialistas recomendam que máscaras e possíveis materiais contaminados sejam descartados em sacos herméticos, de preferência, sem usar toda a capacidade para evitar vazamento. Assim como lixo de banheiro, eles não devem ser colocados junto aos resíduos recicláveis.

O que diz o GDF

Confira a íntegra da nota enviada pelo governo do DF sobre a situação:

 

“A Secretaria DF Legal informa que realiza fiscalizações, rotineiras, em instituições de saúde, verificando a coleta e a destinação final dos materiais descartados. Quando acionada por meio de denúncia, envia a esses locais equipes que aplicam as devidas multas nos infratores, que podem ir de R$ 216 a R$ 22 mil.

 

O Serviço de Limpeza Urbana (SLU) informa que a empresa especializada em gestão de resíduos hospitalares tem contrato com a Secretaria de Saúde do DF. A empresa que mantém contrato com o SLU coleta todos os resíduos hospitalares descartados na coleta seletiva, nos galpões de triagem. Esses materiais, no entanto, são incinerados. A Secretaria DF Legal é muito atuante nesses casos.

O SLU alerta para a importância do uso obrigatório de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) pelos catadores. Para isso, conta com a colaboração da população para fazer o descarte correto, garantindo a proteção do meio ambiente e a saúde dos catadores.

 

As ações de testagem da Covid-19 são realizadas pela Universidade de Brasilia (UNB), e àqueles que tiverem resultados positivos são afastados de suas atividades profissionais, acompanhados e orientados, cumprindo todos protocolos do Ministério da Saúde.

 

A Secretaria de Saúde esclarece que as empresas que fazem o recolhimento de lixo hospitalar são aquelas contratadas pelo SLU, e todo estabelecimento de saúde deve seguir os protocolos corretos para lixo infectante. Em caso de descarte incorreto a denúncia deve ser feita para a Diretoria de Vigilância Sanitária para a devida apuração e responsabilização.”

 

Por Carolina Cruz, G1 DF

Foto: TV Globo / Reprodução

23/06/2021 06h09  Atualizado há um dia

https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2021/06/23/sem-previsao-de-vacina-catadores-do-df-denunciam-exposicao-ao-lixo-hospitalar.ghtm

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