Em muitos casos esquecer ou ignorar não pode ser um dilema e tampouco opção. Um filme recente com o título “Zona de Interesse” coloca uma situação interessante. Uma família morava ao lado do campo de extermínio de Aushwitz, na Polonia então ocupada pelos nazistas e onde principalmente judeus eram mortos e queimados. A família construiu um muro separando a casa daquele “tormento” e levava a vida sossegada apesar de algumas vezes escutarem gritos e súplicas.
Tivemos uma situação em que em nenhum momento houve qualquer vacilo ou dilema: o apoio ao Rio Grande do Sul. Ficou evidenciada a participação dos Sindicatos e de suas lideranças no apoio ao Estado. Aliás solidariedade é a razão de ser do Sindicato, é estatutário. No caso do Rio Grande do Sul de certa forma fomos chamados a uma coisa maior que é a reconstrução.
Com tudo isto, me vem a memória quando noto que existe uma parede entre a sociedade e os Sindicatos, com alguns ignorando e outros tentando esquecer sua existência e importância.
Passadas quase quatro décadas de uma propaganda sistemática contra Sindicatos e contra as ações coletivas em geral, as novas gerações de trabalhadores possuem enorme dificuldade em entender que as relações entre capital e trabalho não são relações entre indivíduos como em um contrato entre duas pessoas e duas empresas. É muito difícil para gerações que nascem sob o mantra de que não existe sociedade, mas indivíduos e, quando muito, a sociedade é a soma dos indivíduos, entenderem o paradigma da ação coletiva em que as soluções para muitos problemas não se encontram em poder dos indivíduos isoladamente. Como podemos reagir contra esta sistemática ação contra os Sindicatos? Como mudar a fidelização dos trabalhadores aos serviços oferecidos pelos Sindicatos em uma fidelização que compreenda que, juntos podem mais? Me parece que algo assim ficou entendido no 1 de maio de São Paulo sem sorteios e sem shows.
Creio que ficou claro para todos que não é no executivo que vamos conseguir algo. O presidente não consegue agendar pautas mínimas, imagine colocar algo como uma reforma Sindical. É correr o risco de ficar pior. Nossa prioridade de ação é atuar na sociedade, que é quem ajuda na rejeição e o caminho é o de dominar melhor as redes sociais. Pesquisas indicam que quem pauta os jornais tradicionais, escrito ou não, são as redes sociais e é onde temos que nos organizar para atuar e mostrar, a exemplo de nossa atuação de apoio ao Rio Grande do Sul, que somos uma organização da sociedade, com capilaridade e credencial para atuar em nome do trabalhador, do trabalho e nas demandas da sociedade. É fácil? Claro que não!
Exige construção e principalmente pensar em algo que se chama marketing! Entender e pautar algo novo como o ESG onde, principalmente a classe média que nos rejeita, atua.
Temos que criar ventos novos para o Sindicalismo mas cuidar para que não venha com cheiro de naftalina!
Roberto Nolasco
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